Fomos até lá de trem, saindo de Bordeaux. Uma viagem tranquila, que leva três horas.
**Dica: Carcassone, por ser uma cidade pequena, não acompanha tão bem o ritmo de turistas. O que significa que, se você chegar à cidade às onze da manhã, não poderá fazer o passeio de barco pelo Canal du Midi, com suas inúmeras eclusas, já que começa às 14:00...mas também não poderá entrar no hotel (que libera a reserva às 14:00h). Aí, terá que optar entre ficar no lobby do hotel esperando para guardar as malas ou passear pela cidade carregando as tralhas. Se for um dia quente como quando chegamos lá, será bem complicado...**
Optamos por ir ao hotel e almoçar lá mesmo...o que foi uma excelente escolha!
Para quem, como eu e a Ana Carolina, leu o livro "Labirinto", de Kate Mosse, sabe que vai encontrar um castelo medieval, protegido por duas muralhas.
Mas o que quase ninguém ímaginava é que tanto o livro como a cidade guardam um encanto irresistível, daqueles que só quem se permite sonhar consegue compreender:
Carcassonne é a mais bem preservada cidadela medieval de toda a Europa. Construída no alto de uma colina, no sul da França, perto de Toulouse e dos Pireneus, tornou-se, com o passar dos anos, a principal fortaleza militar da região.
Nosso hotel ficava distante da cidadela apenas vinte minutos de caminhada, por uma rua tranquila e arborizada (que me lembrou, não sei porque, as ruas tranquilas de Itajaí/SC, onde meus pais já moraram).
Por ser tão pequena, a cidadela é facilmente visitada em um dia. Mas, espertas que somos, planejamos tudo com cuidado para termos dois dias inteiros curtindo aquele clima medieval.
Detalhe da Porta Narbonnaise, com a imponente figura da Dama de Carcas, logo na entrada. A Cidadela é guardada por uma ponte levadiça e, nos tempos medievais, cerca de 50 soldados ficavam de guarda para impedir a entrada dos inimigos. Felizmente, eu não tive dificuldades para entrar...
O GNOMO, como bom ser mítico que é, encantou-se pela cidade...confessou mais tarde que sentiu-se em casa! Sei...
Logo que se atravessa a Porta Narbonnaise, a primeira opção de diversão: um passeio de charrete cincundando as muralhas exteriores.
Nós optamos por caminhar e aproveitar o primeiro dia para um objetivo bem mundano: compras! A começar por uma camiseta e um par de alpargatas, que o calor estava insuportável! Ok, boa desculpa...rs...
Mas claro que nem só de sacolas vive a mulher...então, tiramos o fim da tarde para admirar a Cidadela, que fica entre a primeira e a segunda muralhas.
A Cidadela, além de lojas, é muito bem servida de restaurantes, bares, hoteis e até hostels. Uma verdadeira delícia sentar em uma das mesinhas ao ar livre, saborear uma creppe Nuttela e tomar um bom vinho local!
A noite cai e a cidade se transforma: luz, mistério e...todos pro hotel, que não há muito o que se fazer...rs...
No dia seguinte, retornamos à Cidadela, pois às 10:00h iniciaria o passeio pelo Castelo Comtal, uma das maiores atrações da cidade:
Construído no século XII por um nobre chamado Bernard Trencavel (citado no livro Labirinto!), este castelo foi, durante anos, a morada e proteção dos senhores feudais que mandavam na região.
Momento contemplativo...
...o GNOMO também curtiu...
Carcassonne tem esse nome, segundo a lenda, devido a dama de Carcas, uma sarracena viúva que tomava conta da cidade: quando Carlos Magno cercou a
cidadela, não havia soldados suficientes para protegê-la. A dama de Carcas, além de corajosamente proteger a cidade com mulheres arqueiras, foi muito inteligente e teria distribuido pelas torres e muralhas bonecos feitos de palha,
armados para o combate.
Além disso, teria alimentado um porco com todo o trigo que restava e depois, atirou o animal das muralhas...Quando Carlos Magno viu a enorme quantidade de trigo que saiu da barriga do pobre bicho, pensou que o povoado teria alimento para resistir por anos...A farsa deu resultado e Carlos Magno
levantou o cerco, desanimado com um inimigo tão poderoso. A dama teria dito
então: “Monseigneur, Carcas te sonne” (algo como "meu senhor, Carcas te chama").
Já imaginou ser soldado do castelo, tomar uns vinhos a mais na taverna local e, lá pelas cinco da manhã, ter que sair correndo por esses corredores estreitos para combater uma invasão romana?!?!?
Dureza...
A restauração de Carcassone, no século XIX, ficou a cargo do
arquiteto Viollet-le-Duc, o mesmo que restaurou os santuários de
Notre-Dame de Paris e Sainte-Madeleine de Vézelay.
No interior do castelo, há um acervo de ânforas romanas, sarcófagos e lápides
Cátaras. (Os Cátaros faziam parte de uma corrente do cristianismo que sofreu muitas perseguições, por serem considerados pela Igreja Católica como hereges....foram dizimados pela Inquisição, a mando do Papa Inocêncio III, o rei da França e os barões do
norte).
As esculturas de alabastro beiram a perfeição...
Algumas imagens foram "resgatadas" de igrejas e outros prédios medievais e agora estão protegidas no castelo...em seu lugar, réplicas perfeitas foram colocadas.
Aqui, o soldado pode descansar em paz...
O exterior do castelo também é encantador, convida para o descanso e a contemplação...
Depois da visita ao castelo, aproveitamos o resto do dia para conhecer melhor a cidade...e almoçar num charmosíssimo bistro, comandado por um cheff que faz questão de receber os clientes à porta, com um sorriso no rosto e a garantia que todos os ingredientes são frescos e ... deliciosos!
Depois do almoço, visita à linda Catedral de Carcassone:
Essa foto vai especialmente para a Tania, mãe da Ana Carolina, que nos apresentou o ótimio livro Labirinto e despertou nossa vontade de conhecer a cidade ;)
Já mencionei que adoro gárgulas?
As fofoletes são tão sortudas que, ao entrarmos na catedral, demos de cara com esse grupo de tenores lançando seu CD...e cantando para nós! Música sacra, divina, de graça, para quem quiser apreciar!
Salve, Santa Joana D'Arc!
Olha ela lá, no alto!
E que tal uma paradinha em uma loja especializada em...caixinhas de música?!?!
Essa cidade nos encantou...e, em muitos momentos, surpreendeu!
Mas agora tá na hora de ir pra casa (da Kakaya)...até mais!!
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